quinta-feira, 14 de julho de 2016

No aperto, controle as finanças

Diario consultou especialistas para saber como organizar o orçamento durante o período de desemprego. A primeira coisa a fazer é se planejar
Se você faz parte do time de 11,4 milhões de brasileiros desempregados, pode usar o tempo de vacas magras para ajustar suas finanças. O exercício começa com o planejamento para evitar os gastos supérfluos, livrar-se das dívidas e, se possível, separar uma parte do dinheiro das verbas indenizatórias para as emergências. Afinal, o tempo de recolocação no mercado de trabalho poderá se prolongar por mais de 12 meses nesta época de recessão. A situação fica mais complicada para as pessoas que estão endividadas, porque terão que pagar as contas atrasadas e manter as despesas correntes. Pior se as dívidas se concentram no cartão de crédito e no cheque especial. Os juros altos se transformam numa bola de neve.
O Diario consultou especialistas para saber como lidar com as finanças durante o desemprego. O educador financeiro Arthur Lemos, da DSOP Educação Financeira, ensina que o primeiro passo é fazer uma reflexão sobre o atual padrão de vida. Em seguida, o desempregado deverá quantificar o montante que dispõe para as suas despesas básicas. “É fundamental fazer um diagnóstico financeiro para ver qual a disponibilidade de dinheiro e quanto custa manter o padrão de vida. A segunda providência é saber se possui dívidas vencidas e levantar o montante para saber o tamanho do problema.”
O encarregado de logística Genilson Carneiro da Silva, 42, seguiu à risca a dica do educador financeiro. Demitido sem justa causa em fevereiro, ele buscou os credores para renegociar as dívidas de longo prazo: o financiamento do carro e um empréstimo consignado com o banco. Parte do dinheiro da indenização foi usado para antecipar 23 parcelas do carro e reduzir os juros das parcelas seguintes. “Eu procurei o banco para renegociar a dívida do consignado e vou pagar em 48 meses.”
Rafael Seabra, autor do blog Quero Ficar Rico, recomenda que seja separado o que é realmente essencial do que é supérfluo. Ele lembra que o supérfluo pode variar de pessoa para pessoa, mas as despesas óbvias com o cartão de crédito, a TV a cabo e até mesmo com o automóvel podem ser cortadas. “Enquanto estiver desempregado, o carro deixa de ser necessário e gera despesas altíssimas com parcelas do financiamento, combustível, seguro, tributos e manutenção.”
Família
Foi exatamente o que fez Genilson. Para ajustar o orçamento doméstico, ele deixou o carro na garagem. “A geladeira fica desligada à noite, a máquina de lavar é só uma vez por semana, e o micro-ondas fica fora da tomada. Só ligamos a televisão da sala”, conta. Na mesma situação, o motorista desempregado Luiz Gustavo de Moura, 55, teve que tirar a filha de 11 anos da escola privada. “A gente saía para comer fora e cortou. Agora o lazer é na casa da família.”
Outra dica importante é congelar as ferramentas de crédito. É o que recomenda Arthur Lemos, da DSOP. Ele lembra que a renda é incerta e, neste momento, não é hora de usar o cartão, por exemplo. Rubevânia Maria da Silva, 44, desempregada, tirou o plástico da carteira. “Eu paguei as dívidas no cartão e não estou comprando nada.” A preocupação da auxiliar-administrativa é com o financiamento da casa própria. Ela paga R$ 426 por mês da prestação e tem receio de ficar inadimplente. Desempregada desde janeiro, Sônia Maria da Silva, 42, está segurando as novas despesas. “Guardei o FGTS na poupança e estou evitando fazer novas compras. Por ora, eu consigo pagar as despesas de casa enquanto procuro emprego.”
Desempregado, mas com as finanças em dia
Organize-se
O primeiro passo é entender quais são os gastos fixos e variáveis para mensurar o que pode ser poupado e realizar as previsões de gastos para os meses seguintes.
Renegocie as dívidas
Entre em contato com os credores para renegociar as dívidas antes de atrasar as contas. As empresas consideram mais vantajoso receber do que aumentar a inadimplência.
Faça mudanças
Pequenas mudanças são necessárias para economizar. Por exemplo: trocar marcas no supermercado, evitar gastos supérfluos e optar por lazer gratuito.
Investimentos certos
Procure os investimentos que sejam fáceis de resgatar, entre eles, a poupança e os títulos públicos do tesouro.
Sem novas dívidas
Evite adquirir novas dívidas durante o período que estiver desempregado para não cair na inadimplência.
Planeje-se
Faça o orçamento doméstico para entender como o dinheiro é gasto e encontrar uma saída para reduzir custos.
Só para emergências
Deixe o cartão de crédito e o cheque especial guardados para serem usados apenas em casos de emergência.
Poupe também
O dinheiro que sobrar das indenizações deve ser guardado para ser usado nas situações de emergência.
Fuja dos juros
Pague as contas à vista e lembre-se que os juros altos podem ser o primeiro passo para o endividamento.

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