O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decide nesta
quarta-feira (19) a Selic, a taxa básica de juros do país, depois de uma
reunião de dois dias. A expectativa é de corte dos juros pela primeira vez
em quatro anos. O tamanho da queda, porém, ainda divide os economistas:
alguns esperam corte de 0,25 ponto percentual e outros, de 0,5.
A taxa está em 14,25% ao
ano desde julho do ano passado. Nas últimas nove reuniões, o BC decidiu
manter a Selic no mesmo nível, no mais longo período de estabilidade
desde 1999.
A última vez que houve corte na taxa
de juros foi em outubro de 2012. A tendência é que a taxa volte a ter queda
nesta semana, na opinião da maioria dos analistas de mercado consultados pelo
BC para o Boletim Focus e
também na avaliação de economistas consultados pela agência de notícias
Reuters.
De acordo com pesquisa da Reuters, 46 de 50 economistas esperam que o BC
diminua a taxa Selic. Apenas quatro acreditam que o BC manterá a taxa pela
décima reunião seguida.
Queda de 0,25 ou
0,5 pp?
Instituições financeiras consultadas pelo BC acreditam que a Selic cairá
para 14% ao ano. Já os economistas ouvidos pela Reuters divergem: metade aposta
em uma queda de 0,25 ponto percentual, para 14%, e a outra metade prevê corte
de 0,50 ponto percentual, para 13,75%.
Segundo analistas, um corte de 0,25 ponto sinalizaria que o BC não tem
pressa para reduzir os juros diante de uma inflação ainda alta e com a
incerteza sobre a votação, no Congresso, de medidas para equilibrar as contas
públicas.
Um corte maior sinalizaria que o BC se sente mais confortável com o
cumprimento do centro da meta de inflação de 4,5% pela primeira vez nesta
década.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação.
De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o
consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba
os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de
2 pontos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.
A inflação mostrou desaceleração em setembro,
mas ainda está bem acima desse limite máximo: chegou a 8,48% em 12
meses, mostraram dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo).
O ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, disse que a desaceleração mais acentuada do que se esperava da
inflação em setembro indica que o país "está voltando à normalidade".
Juros para o
consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da
economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e
para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente
os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque
especial subiu em agosto e atingiu 321,1% ao ano, e os juros do rotativo do
cartão de crédito ficaram em 475,2% ao ano.
De acordo com a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade), a redução da taxa básica de juros da economia
(Selic) em 0,25 ponto percentual, como preveem alguns analistas do mercado
financeiro, terá efeito pequeno nos juros do crédito ao consumidor e pode
manter os fundos de renda fixa mais atraentes que a poupança.
O efeito da redução da Selic nas condições do crédito é pequeno, segundo
a associação, porque "existe um deslocamento muito grande" entre a
taxa básica e os juros cobrados dos consumidores
Fonte: Uol – SP – 19/10/2016